terça-feira, 17 de julho de 2012

Intercâmbio cultural : Brasil e França mais próximos nos anos de 2005 e 2009

Por William de Assis


Há sete anos atrás o Brasil irradiava sua cultura e suas raízes no velho continente, mais especificamente na França. A troca de experiências e de valores proporcionaram aos europeus uma nova forma de conhecerem o nosso país. Já no ano de 2009 foi a vez dos franceses trazerem um pouco do que há de melhor lá para as terras tupiniquins. Foram diversas atividades que agitaram a vida das duas nações nestes respectivos anos. Confira aqui o que de melhor aconteceu nestas duas oportunidades.


Brasileiros e franceses juntos em prol da cultura


Esqueça as rivalidades futebolísticas que marcaram França e Brasil em Copas do Mundo, bem como a errônea ideia de que os brasileiros não são bem tratados no país europeu. Hoje vamos falar um pouco mais sobre a união das duas nações ao promoverem dois dos grandes encontros dos últimos anos: O Ano do Brasil na França, em 2005, e o Ano da França no Brasil, em 2009. As festividades englobaram exposições de arte, cinema, folclore, música, gastronomia, pintura, história, ciência, tecnologia, economia, educação e tantas outras, a fim de uma maior aproximação dos dois gigantes mundiais.


Começamos nosso giro de informações na metade da década passada, quando do início do ano brasileiro na França.


2005: Ano do Brasil na França


Esta foi sem dúvida a maior manifestação da cultura brasileira no exterior, oportunidade ímpar para que o comércio e as características do povo do nosso país pudessem ser vistas em todo mundo, em especial na Europa. Ao todo foram levados para a França 400 projetos, número que superou por completo todas as expectativas de uma feira internacional como a que ocorreu em Paris e em outras cidades francesas no período de março a dezembro de 2005.


A homenagem da pátria amiga aconteceu por conta das chamadas Saisons Culturelles Étrangères en France, que desde o ano de 1985 convida diferentes nações para exporem um pouco mais sobre sua história dentro do território francês. A edição do evento acontece uma vez por ano e em 2005 contemplou pela primeira vez o Brasil. O acordo foi selado pelo então ministro da cultura brasileiro, Gilberto Gil, juntamente com o embaixador da França, Jean de Gliniasty e o organizador do projeto, André Midani.


O nome-tema da apresentação brasileira ficou conhecido como Brésil, Brésis (em português Brasil-Brasis). O patrocínio das comitivas, infra-estrutura e de toda a logística  teve apoio de empresas brasileiras, que com isso ganharam o espaço no terrítório francês para divulgarem suas marcas e conquistarem um maior lugar no mercado consumidor europeu, tudo isto cercado por milhões de turistas, já que a França é o maior país que recebe visitantes no mundo.


A iniciativa do governo francês em abrir uma temporada cultural do Brasil foi vista com grande entusiamo pelo nosso governo à época que, através do ministro da cultura, afirmou que aquele era mais um passo dado no fortalecimento verde-e-amarelo em sua economia, industria, turismo, comércio e tecnologia. Novas e frutíferas parcerias se estabeleceram tendo como ponto de partida a iniciativa cultural por trás da ideia. Com uma forte identidade e afinidade histórica, era hora dos países renovarem tais características.


A economia ganhou importância neste intercâmbio. Encontros com as comunidades empresariais de França e Brasil foram organizados pelos Ministérios Exteriores, além de alguns fóruns de médio porte e discussões envolvendo ONG's das duas nações. Os espaços disponíveis para a realização das atividades aconteceram em pontos espalhados pelas cidades de Nice, Cannes, Marseille, Toulouse, Lyon e Bordeaux, entre outras. 
Musée du Louvre, Palais de la Découverte e Maison de l'Amérique Latine abrigaram algumas das exposições ao longo do país.


Espaço Brasil


Carreau du Temple
O Espaço Brasil foi montado no Carreau du Temple, conhecido pavilhão de eventos na França. No local ocorreram shows musicais, mostras de artes plásticas e artesanato, apresentações de filmes, seminários e conversas sobre economia, tudo presente em ambientes especiais para cada tema. A música brasileira, tão encantadora para os franceses, teve destaque com o movimento da Tropicália, sendo cantada por nomes como Caetano Veloso e Giberto Gil.


A peça brasileira Os Sertões, baseada na obra de Euclides da Cunha, considerada um dos marcos da literatura brasileira, também marcou presença no Espaço Brasil. Já a fotografia ficou encarregada pelo famoso Fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, tendo a bagagem de 41 países em todo o seu trabalho e seus serviços prestados para inúmeras agências de notícias francesas. Ocorreu também a mostra A fotografia brasileira no século XIX, que apresentou fotos que compõem o acervo da Biblioteca Nacional.




2009: Ano da França no Brasil



A retribuição brasileira ao espaço dado pelos franceses quatro anos antes foi feita em grande estilo: do dia 21 abril até o dia 15 de novembro a cultura dos europeus tiveram voz e vez nas terras que um dia França e Portugal lutaram para ter como colônia. As datas escolhidas representam dois dos maiores momentos históricos do Brasil e por isso mesmo foram consideradas as ideais para o recebimento da cultura francesa em nosso país.


Muito do que se conhecia da França aqui restringia-se, para grande parte da população, à Torre Eiffel ou à fatídica final da Copa do Mundo de 1998 quando, dentro de casa, os azuis venceram o futebol pentacampeão do mundo por 3 a 0. O objetivo agora era outro: Da mesma maneira que muitos temas da cultura brasileira foram levados para lá, era a hora da cultura de lá desembarcar aqui. Nova chance de afirmar o elo dos dois países.


Segundo a programação oficial, mais de 200 eventos, seminários e conferências ganharam forma no Brasil. A parte musical, sempre contando com muita riqueza, apresentou a história da música popular francesa na chamada  Caravana Musical do Musette, projeto que percorreu 15 cidades brasileiras. O início das festividades aconteceu no Rio de Janeiro e em Ouro Preto, quando da comemoração da Inconfidência mineira.


Na Pinacoteca de São Paulo houve a exposição do pintor, desenhista e escultor Henri Matisse. No museu de Arte de São Paulo o trabalho que teve espaço foi o de Marc Chagall, pintor e gravurista. Além destas mostras vieram para o Brasil também cantores, artistas, escritores, filósofos, teatros de rua, paines sobre cinema e fotografia, além de concertos de música clássica. 


A participação dos franceses não se deu somente com as festividades trazidas para cá. Os grandes acontecimentos do calendário brasileiro abriram vaga para que os visitantes pudessem também participar de nossas celebrações, como ocorreu com o Festival de Ópera de Manaus, a Virada Cultural e o São Paulo Fashion Week, as festas do dia da Independência, o aniversário da cidade de São Luís, a Feira do Livro em Porto Alegre e o Festival Mundial do Circo, em Belo Horizonte.




A programação foi dividida em três principais pontos:


- França hoje: Criação artística, inovação tecnológica, pesquisa científica, dinamismo econômico;


- França diversa: Diversidade da sociedade francesa;


- França Aberta: Busca de parcerias franco-brasileiras que visavam promover projetos com outros países do mundo.


O encontro teve como fim a promulgação de alguns documentos, especialmente na área universitária e cientifica, feitos de modo a criar novas alternativas e vivências tanto para estudantes brasileiros quanto franceses. Ficou acordado também que até 2024 os dois países atuarão em conjunto para um maior aproveitamento e crescimento dos diversos campos culturais presentes nas duas nações.


Esta foi mais uma matéria para a sessão '' Grandes Eventos'', que a Work Out traz para seus leitores todas as terças-feiras. Esperamos que tenham gostado da leitura.


Até a próxima postagem !











































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